Chamo aqui de trabalho de mediação ou de ações de mediação as práticas sociais: (a) realizadas através de especialistas profissionais (de educação, de saúde, de desenvolvimento, de bem-estar social etc.); (c) conduzidas, portanto, por agentes e agências externas ao âmbito direto das relações sociais e simbólicas das classes populares; (d) pensadas como formas de transformação, integração, educação, desenvolvimento etc. de comunidades e grupos populares; e (e) idealizadas como instrumentos essenciais ou complementares de “conscientização”, “educação”, “participação popular” etc. Não é por acaso que o mesmo qualificador popular serve tanto ao nome da prática de mediação: educação popular, pastoral popular, quanto ao que ela pretende produzir através do trabalho relativo e progressivamente autônomo dos sujeitos e grupos agenciados: participação popular, libertação do povo, desenvolvimento e organização de comunidades (populares).
BRANDÃO, C. R. Pensar a prática – escritos de viagem e estudos sobre a educação. São Paulo: Edições Loyola, 1984. 176p. (Educação Popular, 1).